Quilombos do Ceará

Este povo existe, sim” nasce da inquietação do fotodocumentarista Rogério Rodrigues em relação aos povos quilombolas do Ceará, onde em muitos momentos o pesquisador e documentarista se confrontou com a frase “No Ceará não existem negros”.

Frase essa que, repetida sistematicamente, tem levado ao não reconhecimento da própria existência dessas comunidades tradicionais, gerando um apagamento da importância desse povo para o desenvolvimento e a construção da história do Ceará. Afinal, foi aqui, na chamada Terra da Luz, que se deu o primeiro ato da “libertação” dos povos escravizados no Brasil, em 1884.

Este trabalho de pesquisa, documentação, etnografia e arte, tem o objetivo de criar pontes, aproximar pessoas, reescrever uma parte esquecida da história e resgatar memórias, trazendo visibilidade a esse povo esquecido por décadas.

Ao nos aprofundarmos no tema dessa pesquisa, produziremos material para que esse projeto se torne de fato um instrumento de difusão da cultura quilombola, promovendo reparação, justiça e o devido respeito às tradições, à beleza, à cultura e aos direitos de todos os povos de coexistirem em paz.

No Ceará são mais de 100 comunidades quilombolas, sendo mais de 60 reconhecidas pela Fundação Palmares

A população quilombola no Ceará é de quase 25 mil pessoas. A Comissão Estadual dos Quilombos Rurais do Ceará (CERQUICE), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (CONAQ) e a Fundação Palmares são entidades que fazem a gestão de várias políticas públicas voltadas para os povos quilombolas. Esse reconhecimento se dá a partir de autodeclaração pelas comunidades após vários estudos, pesquisas antropológicas, etnográficas e reuniões comunitárias realizadas em parceria entre a comunidade e entidades governamentais nas suas várias esferas. Preservar seu patrimônio material e imaterial, juntamente com seus saberes culturais e artes, é de extrema importância para a sobrevivência cultural do estado e das comunidades. A população preta e parda no Ceará é maioria.

Objetivo Específico

As comunidades quilombolas são formadas por trabalhadores da agricultura familiar, plantam mandioca, milho, feijão etc. Alguns chegam a produzir mel, farinha de mandioca, rapadura, cachaça, sorvete, bolos, doces e uma grande variedade de artesanato. Muitos deles cursam as melhores faculdades do estado, cursos de História, Serviço Social etc. Alguns já sendo mestres e doutorandos. Outros sobrevivem de suas pequenas lavouras e de programas sociais que lhe são de direito, conforme determina a Constituição brasileira dentro das políticas afirmativas dos Governos Federal e Estadual.

Em sua maioria, as comunidades ainda lutam por direito à terra em um processo burocrático por parte de vários entidades públicas, grileiros e conglomerados empresariais.

Somente duas comunidades têm o título das terras no Ceará, fato acontecido após 20 anos de muita luta e resistência, em novembro de 2023.



Questões de abastecimento de água para consumo humano e meio ambiente são ainda processos a serem debatidos entre poder público e comunidades.

É preciso avançar na implantação da educação e escolas quilombolas em todos os territórios, bem como políticas de saúde, juventude quilombola, cultura etc. Claro que muito já se fez, mas muito mais deve ser feito, porque é direito, está na Constituição e em outras leis criadas para o reconhecimento, a conquista da terra e de fato a conquista de sua liberdade.

Preservar seu patrimônio material e imaterial, juntamente com seus saberes culturais e artes, é de extrema importância para a sobrevivência cultural do estado e das comunidades.

Ações do projeto

Intinerário